16/07/2025

Especialista do CEJAM alerta para principais sintomas de transtornos mentais em crianças e adolescentes

Dados recentes mostram crescimento preocupante nesta faixa etária; mudanças bruscas de comportamento, irritabilidade e isolamento estão entre os sinais

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Fonte: Freepik

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que um em cada sete jovens entre 10 e 19 anos sofre de algum transtorno mental, o que representa cerca de 15% da carga global de doenças nessa faixa etária. Depressão, ansiedade e distúrbios comportamentais estão entre as principais causas de incapacidade entre adolescentes.
A psiquiatra Dra. Carla Vieira, do CAPS Infantojuvenil II M’Boi Mirim, unidade gerenciada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), alerta que os transtornos mentais na infância e adolescência resultam de uma complexa combinação de fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais.
“Traumas na infância, como violência doméstica, negligência, abuso, bullying e pobreza extrema, afetam diretamente o desenvolvimento do cérebro, especialmente regiões como o hipocampo e uma outra região do cérebro chamada amígdala, impactando áreas responsáveis pelo controle emocional, cognição e resposta ao estresse. Essas alterações aumentam a vulnerabilidade a quadros como depressão, TDAH, transtornos de conduta e até mesmo psicose”, explica a especialista.
Estudo da Faculdade de Medicina da USP, divulgado em fevereiro deste ano em parceria com a Universidade de Bath, indica que mais de 80% dos jovens brasileiros já passaram por pelo menos um evento traumático até os 18 anos, impactando a saúde mental. 
De acordo com a Dra. Carla, a genética pode explicar de 30% a 50% da predisposição a transtornos mentais, mas são os fatores ambientais e sociais que costumam determinar a manifestação desses quadros, especialmente em contextos marcados pela exclusão, desigualdade, violência, negligência institucional e insegurança econômica, além do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19.
A médica destaca que jovens em sofrimento emocional, muitas vezes sem diagnóstico, tendem a buscar nas drogas uma forma de alívio. “Meninas vítimas de violência sexual e meninos expostos a contextos violentos estão entre os grupos mais vulneráveis. A busca por substâncias como válvula de escape é uma forma de lidar com o estresse e a ansiedade, o que pode agravar ainda mais a situação.”
A especialista ressalta ainda que o uso precoce de álcool e maconha também está associado ao desencadeamento ou agravamento de transtornos como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão. “Quanto mais precoce o uso (antes dos 15 anos), maior o risco de neurotoxicidade e de alterações em circuitos dopaminérgicos.”
Outro fator de risco em evidência é o uso excessivo das redes sociais. Para jovens emocionalmente fragilizados, o ambiente digital pode intensificar sentimentos de inadequação, estimular comparações constantes e facilitar o acesso a conteúdos prejudiciais. “O cyberbullying, por exemplo, está diretamente ligado a casos de automutilação, ideação suicida e transtornos depressivos”, afirma.
Entre os principais sinais de alerta estão mudanças bruscas de comportamento, irritabilidade, isolamento, queda no desempenho escolar, automutilações e falas sobre morte ou suicídio. “Esses sintomas devem ser levados a sério e acompanhados por profissionais de saúde mental”, reforça a psiquiatra.
O estigma em torno do tema ainda é um dos principais obstáculos para o diagnóstico e o tratamento. “O preconceito impede que famílias busquem ajuda, retardando o início do cuidado e contribuindo para o agravamento do quadro. Tratar saúde mental como prioridade é urgente e essencial para garantir o futuro desta geração”, conclui.
Atendimentos no CAPS Infantojuvenil II M’Boi Mirim

Crianças de 5 a 10 anos representam a maior parte dos atendimentos realizados no CAPS Infantojuvenil II M’Boi Mirim, na zona sul de São Paulo. De acordo com Daniela Nishimura, responsável técnica de Enfermagem da unidade, os transtornos mais frequentes são autismo infantil, com 26% dos casos, atenção e hiperatividade (12%) e desafiadores e de oposição (12%).
“Os meninos representam mais de 71% dos casos atendidos, e a maior parte dos encaminhamentos vem das escolas e das UBSs, que são fundamentais na identificação precoce dos sintomas”, afirma Daniela.
O modelo de cuidado oferecido combina atendimentos individuais, em grupo e familiares, com suporte de uma equipe multiprofissional – de acordo com as necessidades de cada criança ou adolescente.
Vale destacar que todos os CAPS funcionam como “portas abertas”, ou seja, não há a necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento.

 

Sobre o CEJAM

O CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com o poder público no gerenciamento de serviços e programas de saúde em São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Campinas, Carapicuíba, Barueri, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Ribeirão Preto, Lins, Assis, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu, Itapevi, Peruíbe e São José dos Campos.

A organização faz parte do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (IBROSS), e tem a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde.

O CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS), tendo conquistado, em 2025, a certificação Great Place to Work. O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.

No ano de 2025, a organização lança a campanha “365 novos dias de saúde, inovação e solidariedade”, reforçando seu compromisso com os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).

Siga o CEJAM nas redes sociais (@cejamoficial) e acompanhe os conteúdos divulgados no site da instituição.
 
Enviado por Máquina 

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